28 jun Generalidades sobre No-Break – Características e Especificações
Este trabalho têm por objetivo dar uma visão simplificada sobre No-Break, sua aplicação e de como tirar a melhor relação custo benefício na aquisição de um sistema de energia segura.
Os No-Break’s estáticos começaram a ser comercializados no Brasil no final dos anos 70 com um custo ainda muito elevado ( por volta de US$ 2.500,00 o KVA ).
Mas este custo elevado já compensava a substituição dos sistemas de No-Break’s rotativos que tinham um custo de manutenção muito elevado e não apresentavam a confiabilidade de um sistema estático.
Nesta época os CPD considerados de pequeno porte tinha um consumo médio entre 60 e 100 KVA.
As baterias utilizadas eram chumbo ácidas estacionárias abertas que necessitavam de salas especiais além de representarem quase metade do preço de um sistema No-Break Estático completo.
Neste período os serviços de instalação, colocação em operação, treinamento e manutenção ( preventiva e corretiva ) do sistema No-Break eram mais complexa e de maior período, o que encarecia também a composição final do sistema.
Com o desenvolvimento dos microprocessadores e de transistores de potência o custo dos equipamentos e dos serviços começaram a cair substancialmente, chegando a menos de US$ 1.000,00/KVA.
A característica das cargas também mudou muito e hoje predominam pequenas cargas, normalmente monofásicas.
Com a abertura do mercado em 91 e a utilização de equipamentos mais modernos, com UPSs microprocessados, inteligentes e baterias seladas, obteve-se uma redução de custos, além dos equipamentos deixaram de necessitar de salas especiais e passaram a ser instalados junto as cargas, aproveitando a climatização do ambiente.
Hoje em dia, o aparelho padrão para um CPD de médio porte varia entre 30 a 60 KVA.
O aumento do uso da micro informática e de redes corporativas, fez crescer o mercado de No-Break’s monofásicos de pequeno porte.
Existe uma diferença técnica muito grande entre os diversos tipos de No-Break’s existente no mercado e isto gera uma confusão de terminologia que as vezes leva o usuário a confusão.
Com o intuito de elucidar as dúvidas geradas pelo próprio mercado, daremos a seguir uma pequena noção do princípio de funcionamento básico de um No-Break ( On-Line) o que consideramos como o verdadeiro No-Break e as diferenças existente entre os outros tipos.
Por quê necessitamos utilizar No-Break?
EXEMPLOS DE PROBLEMAS CAUSADOS PELA REDE DA CONCESSIONÁRIA
1-) Variações de Tensão – (SAGS, BROWNOUTS, SURGES) – ± 85%
2-) Variações de Frequência – ± 2 %
3-) Transientes (SPIKES) – 6 %
4-) Ruídos – 2 %
5-) Falha de Energia – (Blackouts) – 5 %
TOPOLOGIA DE NO-BREAKS
NO-BREAKS OFF LINE OU SHORT BREAK OU STAND BY
Os aparelhos do tipo Short-Break, como o próprio nome diz, são aparelhos que causam uma pequena interrupção no fornecimento de energia para o consumidor.
Seu princípio de funcionamento baseia-se em alimentar um regulador de tensão que estabiliza a tensão de saída.
Esta energia é filtrada porém não se realiza a regulação de frequência.
A energia comercial alimenta um pequeno carregador que mantém as baterias em carga. O inversor permanece desligado, pronto para entrar em operação.
Quando ocorre a queda da energia comercial, o inversor entra em operação e passa a alimentar a saída do aparelho.
Este tipo de No-Break é o mais comum do mercado e existe muita variação entre os tipos existentes.
O tipo mais baratos e mais comum são Short-Break’s com saída não estabilizada e de onda quadrada e não senoidal.
Este tipo de aparelho é suficiente para a proteção de um PC de uso doméstico, mais é um aparelho não recomendado para aplicações com cargas maiores e mais caras.
Existem também Short-Break’s com saída senoidal e tensão estabilizada. Estes equipamentos são recomendados para pontos de vendas de pequeno consumo, ou seja, pequenos PDVs, PCs de comunicação ( terminais ), onde o seu uso é importante, porém, caso haja alguma intempérie na rede os seus dados estão protegidos.
O No-Break do tipo Line Interativo é um No-Break que também irá causar uma interrupção momentânea na saída do aparelho, mas já é um aparelho com proteções mais refinada para a carga ( contém filtro de entrada ).
Seu funcionamento baseia-se em um trafo de saída regulado normalmente por “tap’s”, ou seja realinha a tensão de saída assim que ela ultrapassa na entrada a margem de comutação permitida pelos “taps”.
O trafo alimenta um inversor/carregador de baterias, bidirecional, que enquanto existe rede comercial, funciona como carregador de baterias, mantendo as baterias carregadas e prontas para uso.
A energia que é fornecida para a carga é filtrada e regulada em tensão, mas não em frequência.
Quando ocorre a queda da rede comercial, o controlador inverte o sentido de fornecimento de energia do inversor e este passa a alimentar a carga.
Observa-se que este tipo de aparelho também não regula a frequência de saída e também causa uma interrupção no fornecimento de energia no momento da queda da energia comercial ( por volta de 4ms ).
Este tipo de equipamentos já é indicado para proteção de nós de rede, ou seja ( Rubs, Routers, Centrais telefônicas e outras conexões dentro de sua instalação).
Figura 3
ON-LINE(DUPLA CONVERSÃO)
Princípio Básico de Operação dos No-Break’s ON LINE
O No-Break do tipo On line é composto de três blocos básicos ( mais as baterias ) sendo dividido em:
1-) Retificador – Recebe a energia alternada senoidal da rede comercial e a transforma em corrente contínua, sendo que uma parcela mantém o banco de baterias carregado e o restante é consumido pelo inversor.
2-) Inversor – Recebe a corrente contínua do retificador ou da bateria ( quando falta a rede comercial ) e a transforma em corrente alternada, regulada em tensão e frequência, e a fornecendo uma senóide perfeita.
3-) Chave Estática ou By-pass – Permite a transferência do consumidor para uma fonte de alimentação alternativa em caso de falha ou desligamento do inversor. Esta transferência ocorre sem a interrupção no fornecimento de energia para o consumidor.
Este caminho é apenas uma alternativa para manter o consumidor alimentado na ocasião de uma falha do inversor, enquanto é realizado o reparo.
A figura 4 mostra o funcionamento do No-Break enquanto existe a rede comercial.
Figura 4
Podemos notar que a energia comercial é convertida de alternada para contínua , mantendo o banco de baterias carregado e fornecendo esta energia contínua para o inversor que a reconverte em alternada, porém regulada em tensão e frequência, ou seja, uma senóide perfeita isolada da rede comercial.
Nota-se que a entrada da chave estática também é alimentada deixando-a pronta para ser usada quando realiza-se o desligamento do inversor. Quando o inversor é desligado, ocorre o paralelismo ( por apenas alguns mili segundos ) entre o inversor e a chave estática, evitando que o consumidor fique sem energia. Este paralelismo também ocorre quando o consumidor está alimentado pela chave estática e religa-se o inversor.
A figura 5 mostra o caminho da energia quando ocorre uma falta no fornecimento de energia da rede comercial.
Figura 5
No momento em que a tensão de saída do retificador fica abaixo da tensão das baterias inicia-se a descarga das mesmas até que estas cheguem ao seu valor de descarga máximo ( autonomia ). Durante este período, o inversor mantém os valores de tensão e a frequência de saída constantes.
A figura 6 mostra o estado de operação quando o consumidor está sendo alimentado pelo by-pass.
Figura 6
Podemos observar que o equipamento On line realiza duas conversões, sendo uma de alternada para contínua e outra de contínua para alternada sendo que esta última é isolada galvânicamente pois na saída do inversor existe normalmente um trafo isolador.
Este tipo de aparelho é comumente chamado de On line dupla conversão e protege o consumidor de todos os tipos de falhas citados anteriormente.
Este tipo de No-Break é o tipo mais caro do mercado, mas é o mais completo e eficiente.
A autonomia das baterias ( tempo que o No-Break irá alimentar as cargas quando não existe energia comercial ) é definido pelo cliente mas o valor mais comum de mercado varia de 10 a 15 min.
Observação
Todos os aparelhos descritos acima não funcionam em instalações que possuem grupo gerador, pois a energia fornecida pelo gerador, não é reconhecida e portanto os aparelhos só irão funcionar no tempo de autonomia das baterias.
Em instalações que dispõe de grupo gerador deve se usar aparelhos On-Line, dupla conversão, que são os únicos que irão funcionar.
Como escolher um No-Break corretamente
Para realizar a escolha correta de um No-Break , é muito importante que se conheçam todas as características das cargas a serem alimentadas, pois somente desta forma será alcançada a melhor relação custo/Beneficio do sistema. A realização das seguintes perguntas ajuda a esclarecer que tipo de No-Break é o mais indicado para a aplicação:
Identificação da carga:
a-) a carga é realmente crítica ?
b-) a carga pode sofrer interrupção no seu fornecimento de energia por que período de tempo ?
c-) a carga necessita de tensão e frequência reguladas ?
d-) qual o custo do equipamento a ser protegido ?
e-) qual a importância do equipamento a ser protegido ?
f -) existe grupo gerador para alimentar a carga ?
Identificação das instalações físicas:
a-) qual a potência total a ser protegida ?
b-) existe condições de instalar-se um único No-Break ou as cargas serão divididas em diversos No-Break’s menores ?
c-) qual a melhor opção, trifásica ou monofásica ?
d-) qual o tempo de Back-up pretendido ?
Dependendo das respostas recebidas para as questões acima, teremos uma grande variação quanto a qual tipo de equipamento deverá ser utilizado.
Deve ficar claro que existe uma diferença considerável de preço entre os diversos tipos de No-Break’s , mas também existe uma diferença tecnológica considerável entre as topologias e que nem sempre o equipamento mais barato é o mais indicado.
O quadro ilustrativo a seguir indica qual tipo de proteção cada topologia de No-Break realiza para cada tipo de falha de energia
A maior proteção de qualquer tipo de carga sempre será realizada por um No-Break On-line dupla conversão, mas lembramos que isto nem sempre é necessário e este No-Break será sempre mais caro que os demais tipos. O quadro abaixo traz uma ideia de diferenciação de custo entre as diversas topologias de No-Break. Levando em consideração que um No-Break On-line têm um custo absoluto de 100, teremos:
Deste comparativo podemos concluir que:
- Os equipamentos On-Line devem ser utilizados para a proteção das partes realmente críticas do sistema
- Para proteção de equipamento não tão críticos e caros, deve ser utilizado um modelo line interativo ou off-line (não esquecer que o aparelho é de onda quadrada)
- Os modelos off-line só devem ser usados em equipamentos não sensíveis e não prioritários
Lembramos que os modelos Line interative e Off-line não trabalham em instalações que têm grupo gerador, pois não reconhecem a forma de onda do gerador.
A melhor solução para instalações de médio porte para cima é sempre que possível tentar utilizar um No-Break trifásico, pois este tipo de aparelho sempre terá mais confiabilidade e tecnologia que aparelhos monofásicos, além de a partir de instalações de 20 KVA, o custo já começa a ficar inferior que diversos aparelhos monofásicos.
Apenas para dar um exemplo do que realmente necessita de No-Break dentro de uma instalação, daremos a seguir três exemplos de instalações parecidas com relação aos equipamentos instalados, mas muito diferentes com relação a utilização, o que define a real necessidade de proteção.
Lembramos que ninguém melhor que os próprios gerentes das respectivas áreas conhecem as reais necessidades e importância de suas cargas.
Existem dentro de industrias e escritórios cargas que são chamadas de essenciais prioritárias e não prioritárias.
Daremos a seguir alguns exemplos.
CASO 1
Existe um escritório servido por uma rede composta de dois servidores trinta terminais e cinco impressoras.
Este escritório trabalha com prestação de serviços RH e roda folhas de pagamento. Para que isto possa ocorrer além dos servidores necessitamos Ter operando apenas cinco terminais além dos servidores e de apenas três impressoras.
A economia de potência representada por 25 terminais ( não essenciais ) representa por volta de 5 KVA. Um No-Break para a instalação inteira deveria Ter por volta de 10 KVA, sendo que isto era desnecessário para este caso.
CASO 2
Um escritório com a mesma configuração do anterior que contém toda a estrutura administrativa de uma industria de painéis, tais como contabilidade, engenharia, administração, diretoria, etc.
Salvo postos estratégicos definidos pela diretoria, apenas os servidores deveriam ser alimentados por um No-Break, reduzindo o consumo a menos de 2 KVA.
CASO 3
Um escritório com a mesma configuração dos casos anteriores, onde seus trinta terminais são usados por operadores que realizam pronto atendimento a usuários de um convênio médico/seguradora.
Neste caso, toda a estrutura instalada é prioritária para o desempenho deste escritório e todos os equipamentos devem ser alimentados por No-Break.
Existem alguns tipos de cargas que podem ser alimentadas apenas via grupo gerador, como por exemplo os 25 terminais excedentes do caso 1, pois os funcionários perderão apenas alguns dados e após o tempo de entrada do gerador (aprox. 15 segundos ), poderão voltar a produzir.
Uma análise dos casos acima mostra que a escolha do que realmente é essencial para que a empresa não pare de produzir influencia diretamente no correto dimensionamento de uma rede de energia segura e consequentemente no custo desta rede de energia. É ideal que a economia realizada no correto dimensionamento seja revertida em equipamentos No-Break de boa qualidade, de preferência sempre On-Line dupla conversão.
A autonomia deste No-Break também irá influenciar diretamente no custo do aparelho e também deve ser levada em conta através da mesma pergunta anterior. Qual o meu tempo de Back-up ideal ?
Hoje em dia a maioria dos No-Break são aparelhos inteligentes que interagem com os computadores realizando o shutdown dos sistemas, sem perdas de dados, permitindo assim autonomias menores e aparelhos mais baratos.
A figura a seguir ( figura 7 ), mostra uma instalação típica onde se têm disponível um No-Break para as cargas essenciais e um gerador de emergência também bem dimensionado.
Figura 7
A figura acima mostra uma instalação elétrica padrão de emergência bem dimensionada em termos de otimização de recursos, pois os circuitos foram separados em função de sua importância conseguindo-se assim a redução de custos em termos de equipamentos de infra estrutura.
Para maiores informações clique aqui
Marcelo
Postado em 08:35h, 23 maioPrezados Bom dia.
excelente artigo.